segunda-feira, 7 de abril de 2014

o princípio do fim

Os pactos do ser humano diante da própria finitude
Entrevista com Juceli Maria Maciel

Há 25 anos, a enfermeira Juceli Maciel trabalha com pacientes em estado terminal. Ela conhece bem os processos da finitude da vida humana e as limitações de quem quer ajudar nessa hora. A enfermeira fala sobre suas experiências na entrevista a seguir, concedida por telefone à revista IHU On-Line. Graduada em enfermagem obstetrícia, Juceli possui também licenciatura plena em enfermagem, especialização em saúde pública, especialização em enfermagem do trabalho, além de ser geneticista e especialista em UTI. Atualmente, é mestranda em Filosofia na Unisinos. É autora do livro Microbiologia e Parasitologia. 3 ed. Canoas: Ulbra. No final do ano, ela lançará um livro sobre finitude e nascissitude. 

IHU On-Line – O que de mais importante esses anos todos ao lado de pacientes terminais lhe ensinaram?

Juceli Maciel – Aprendi que a vida tem duas fases: a nascissitude, do nascimento do indivíduo, e a finitude, do seu fim. Todo o ser humano aceita o nascimento, mas tem uma dificuldade moral muito grande de entender a finitude. Todas as pessoas estão preparadas para os nascimentos, mas não aceitam e não estão preparadas para a morte. Aprendi o quando a finitude é difícil de ser encarada. Quando dizemos ao paciente “você é terminal”, nós dizemos a ele que tem uma doença que o levará à morte, mas não podemos determinar o dia e a hora. Às vezes, quem não é terminal acaba morrendo antes do que o paciente que tem o diagnóstico de uma doença grave e terminal.

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